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Ruas vazias, vitrines fechadas e menos clientes: o Brasil assiste ao colapso das lojas de rua diante do avanço das compras online

Durante décadas, as ruas comerciais foram e as lojas de rua eram o coração econômico das cidades do Brasil.

Eram locais movimentados, cheios de vitrines e clientes que circulavam entre lojas e cafés. Hoje, o cenário mudou drasticamente.

O silêncio substituiu o burburinho. Onde antes havia filas, agora há placas de “aluga-se” onde tinham lojas de rua.

O comércio de rua vive uma retração profunda, enquanto o comércio eletrônico alcança recordes históricos e redefine o comportamento de compra no Brasil e no mundo.

A virada começou com a pandemia

Desde a pandemia, o movimento nas lojas físicas despencou e nunca mais voltou ao nível anterior.

Segundo reportagem da E-Commerce Brasil / ABComm, o e-commerce brasileiro faturou R$ 204,3 bilhões em 2024

A decisão do consumidor também mudou: cada vez mais os brasileiros acreditam que os preços são melhores online. Em segundos, uma compra é feita pelo celular, sem que o cliente precise atravessar a rua.

Essa mudança representa mais do que uma tendência. O comércio de rua, que já foi o centro da economia urbana, perde espaço de forma contínua para as plataformas digitais.

A diferença entre comprar em uma loja física e em um marketplace online deixou de ser discreta — tornou-se gritante.

Preço: a vantagem estrutural do online

Uma pesquisa da Forbes Brasil apontou que 58 % dos consumidores acreditam que comprar online traz preços mais baixos do que nas lojas físicas.

Além disso, diversos outros levantamentos apontam um aumento na preferência pelo canal online por conta de percepções de melhor preço + maior praticidade.

O motivo está na estrutura de custos. O comerciante físico paga aluguel, energia, segurança, estoque, vitrine e funcionários, além de enfrentar uma carga tributária pesada.

Já o vendedor digital pode operar de casa, com estoque reduzido e integração logística.

Plataformas como Mercado Livre, Magalu, Amazon, Americanas e Shopee concentram milhares de vendedores competindo entre si — o que comprime os preços para baixo, em um nível impossível de replicar na rua.

Frete grátis e velocidade mudaram o jogo

O preço não é a única razão para a migração digital. Mais da metade dos brasileiros (56%) afirmam que o frete grátis é o principal fator para escolher uma loja online.

Serviços como Amazon Prime e Mercado Pontos transformaram a entrega em estratégia de fidelização, eliminando a antiga vantagem do comércio de rua — pegar o produto na hora.

Além disso, o tempo de espera caiu drasticamente.

Se antes comprar pela internet significava esperar dias, hoje a entrega em 24 horas ou até no mesmo dia já é realidade em grandes cidades.

Para quase 30% dos consumidores, essa agilidade pesa tanto quanto o preço.

O deslocamento, o estacionamento e as filas, comuns nas lojas físicas, passaram a ser vistos como perda de tempo.

O poder das avaliações e da comparação de preços

Outro fator decisivo foi a transparência. Na loja física, o cliente depende da palavra do vendedor. No ambiente digital, ele tem acesso a milhares de avaliações e comentários de outros compradores.

Sete em cada dez brasileiros afirmam que as reviews influenciam suas decisões. Essa “sabedoria coletiva” substitui a conversa no balcão.

A facilidade de comparar preços também molda o novo comportamento. Quase metade dos consumidores destaca esse fator como essencial.

Hoje, antes de entrar em uma loja física, muitos já pesquisam no celular o preço médio do produto.

Isso coloca o comerciante de rua em desvantagem constante — seu preço deixa de ser o da etiqueta e passa a ser o do buscador online.

Promoções digitais, cupons personalizados, cashbacks e liquidações relâmpago completam o ciclo. O consumidor, acostumado a descontos dinâmicos, resiste cada vez mais a pagar o preço fixo da loja física.

Uma mudança que é também geracional

O comércio de rua não perde apenas clientes, mas gerações inteiras.

Um relatório do Webshoppers 2024 afirmou que 56 % dos consumidores entre 16 e 27 anos preferem realizar compras online do que em lojas físicas.

Em estudo sobre hábitos de consumo de idosos no Brasil, verificou-se que cerca de 49 % dos consumidores com 60+ apontam insegurança ao inserir dados bancários como motivo para não comprar online. Por conta disso, eles ainda preferem lojas físicas.

Os mais velhos valorizam a confiança e o contato direto: querem ver, tocar e negociar antes de fechar negócio. Muitos citam o imediatismo de levar o produto na hora como diferencial.

Já os jovens priorizam a conveniência. Para eles, a loja física é apenas ponto de retirada — não um destino de compra.

Três em cada quatro consumidores da geração Z utilizam mais de um canal digital antes de concluir uma compra.

Eles pesquisam, comparam, assistem vídeos e leem avaliações antes de decidir. O ato de passear pelas lojas, que antes era lazer, foi substituído por redes sociais e entretenimento digital.

Ruas que envelhecem com seus clientes

Esse contraste geracional se reflete no espaço urbano. Ruas que antes eram polos comerciais viram seus clientes envelhecerem junto com os lojistas.

O resultado são pontos fechados, aluguéis encalhados e mudanças de perfil. Em bairros tradicionais, lojas familiares ainda sobrevivem sustentadas pelo público mais velho.

Em áreas com maior presença de jovens, surgem bares, academias e clínicas — serviços que exigem presença física.

Mesmo os consumidores mais velhos que experimentaram o e-commerce reconhecem suas vantagens. Muitos mantêm o hábito de comprar na rua mais por costume do que por necessidade.

O comércio físico sobrevive, mas não por competitividade — e sim por estar atrelado a um comportamento em declínio.

A crise em números

Os dados confirmam o colapso. O movimento em lojas físicas no Brasil caiu 3,9% em 2024 em relação ao ano anterior. Os dados, do Índice de Consumidores no Varejo (ICV).

Milhões de consumidores que migraram para o digital durante a pandemia nunca mais voltaram.

O reflexo é visível: vitrines fechadas e placas de aluga-se se multiplicam nas áreas centrais. Grandes redes também sentem o impacto.

Um relatório recente aponta que diversas redes no Brasil fecharam unidades em 2024: por exemplo, a Rede Dia fechou 343 lojas; as lojas Americanas, 159; o Carrefour, 123; a Marisa, 91; e as Casas Bahia, 38 unidades.

Manter uma loja física tornou-se pesado.

Aluguéis em alta, encargos trabalhistas, tributos complexos e custos operacionais crescentes não se ajustam na mesma velocidade das vendas.

O “apocalipse” das lojas não é só brasileiro

O fenômeno é global. Nos Estados Unidos, ficou conhecido como Retail Apocalypse.

Apenas em 2024, mais de 7.300 lojas foram fechadas, e as projeções indicam até 15 mil encerramentos até o final deste ano. Grandes redes como Macy’s, Walgreens e Party City reduziram drasticamente sua presença territorial.

A diferença é que, lá, o debate é nacional. No Brasil, a transição ainda se camufla em números gerais do varejo, que misturam o digital e o físico e mascaram o encolhimento das lojas de rua.

Quando a rua vira território de serviços

A transformação das cidades já é visível. Pontos comerciais sem lojistas estão sendo ocupados por outros segmentos: clínicas médicas, consultórios odontológicos, academias, bares e salões de beleza.

São negócios baseados em contato humano, que não podem ser substituídos pela internet.

A rua comercial, antes território do varejo, torna-se território de serviços.

O comércio físico não enfrenta apenas queda nas vendas, mas uma perda de relevância estrutural. Cada loja fechada reforça a percepção de que o modelo perdeu sentido.

Uma mudança inevitável

O que está em curso é uma mudança de paradigma. O comércio presencial massificado cede lugar ao modelo digital dominante.

As lojas físicas passam a ser exceção. A diferença entre os dois mundos já não é apenas econômica, mas também cultural e geracional.

Os jovens não têm paciência para a experiência da loja. Os mais velhos, que ainda a valorizam, estão em declínio demográfico. O tempo, portanto, corre contra o comércio de rua.

A queda das lojas físicas não é mais previsão — é realidade. E ela antecipa um futuro ainda mais disruptivo: um mundo em que a tecnologia redefine não só a forma de comprar, mas também de trabalhar, produzir e viver.

Fonte: https://clickpetroleoegas.com.br/ruas-vazias-vitrines-fechadas-e-menos-clientes-o-brasil-assiste-ao-colapso-das-lojas-de-rua-diante-do-avanco-das-compras-digitais-flpc96/#goog_rewarded

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