
Recuperação judicial no varejo atinge mais uma rede
O fantasma da recuperação judicial no varejo a assombrar o canal farma e atinge agora uma das mais tradicionais redes do país. A gaúcha Maxxi Econômica ingressou com o pedido formal na Justiça no último dia 27 de agosto (quarta-feira), depois de uma trajetória de mais de 70 anos de operações.
Fundada em 1950 e com sede em Canoas (RS), a empresa chegou a somar 200 lojas e 1,5 mil colaboradores no início da década passada. Hoje administra apenas 60 unidades e cerca de 620 profissionais. As dívidas, no entanto, seguiram uma curva ascendente.
Segundo dados do processo e da empresa, os débitos chegam a R$ 71,5 milhões, incluindo pendências com bancos, ex-funcionários e fornecedores. Quando se incluem tributos e dívidas com cooperativas. que não estão no escopo da recuperação judicial, o montante total alcança R$ 100 milhões.
A mediação está a cargo do escritório Malta Martins Advocacia, de Porto Alegre (RS). A rede afirma que recorreu a esse expediente “com o propósito de preservar empregos, manter salários em dia e dar continuidade ao atendimento à população das classes C e D – seu principal público – com qualidade e proximidade”.
“A empresa foi muito cirúrgica nessa questão, buscando demitir o mínimo número possível de colaboradores”, ressalta o representante jurídico da varejista, Leandro Malta Martins. De acordo com ele, o plano a ser apresentado visa tratar os passivos, mas priorizará os colaboradores na reorganização dos pagamentos. A ideia é manter o tamanho atual da operação, que já teria sido resultado de um programa de redução de custos.
Recuperação judicial no varejo reflete graves pendências trabalhistas
A recuperação judicial no varejo reflete graves pendências trabalhistas e esse panorama não é diferente na Maxxi Econômica. De acordo com apurações do Jornal NH, ex-colaboradores demitidos recentemente relatam atrasos e parcelamentos irregulares de rescisões e do fundo de garantia, bem como em depósitos obrigatórios.
“Espero há mais de dois meses pelo pagamento da multa rescisória, os 40%. Tem meses do FGTS, relacionados ao ano de 2024, que também não foram depositados”, afirmou uma ex-funcionária, que prefere não se identificar. Ela ainda alega ter sofrido pressões para assinar um acordo de parcelamento.
Outra funcionária desligada em maio diz não ter recebido os valores de seguro-desemprego referentes a julho e agosto. Ela estima o saldo devido em cerca de R$ 35 mil, o que contempla também quatro parcelas atrasadas do FGTS e a negativa de seguro-desemprego para quem não assinou o contrato de parcelamento.Fontes do mercado também mencionaram sinais preocupantes desde 2023, como falta de medicamentos nas prateleiras e registros de dívidas protestadas em cartório.
Situação da Maxxi Econômica piorou após enchentes
A recuperação judicial da Maxxi Econômica é consequência de uma série de prejuízos acumulados pela rede desde a pandemia. A varejista também atribuiu a crise à elevação do custo de crédito, mas o cenário das enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 foi considerado a gota d´água.
As inundações causaram perdas de infraestrutura e logística, com prejuízos que totalizaram R$ 10 milhões, de acordo com o sócio-diretor Diones Marin. A rede recorreu ao BDNES na tentativa de aprovar um empréstimo de R$ 20 milhões, mas não obteve sucesso.
Antes, porém, a companhia já havia fechado um terço de suas unidades em dois anos. Após as enchentes, teve que interromper o funcionamento de outros 20 PDVs, sendo que apenas metade reabriu as portas – especialmente em cidades como São Leopoldo, Novo Hamburgo, Montenegro, Ivoti, Estância Velha, São Sebastião do Caí e Bento Gonçalves.
Agora, a varejista passa a integrar as estatísticas de recuperação judicial nas farmácias, que havia atingido recorde no terceiro trimestre do ano passado.
Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/recuperacao-judicial-no-varejo-atinge-mais-uma-rede/