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Possível entrada do Mercado Livre em farmácias deve afetar concorrentes

Movimento pode destravar crescimento da empresa no Brasil; por outro lado, empresas do segmento podem sofrer

O Mercado Livre está se movimentando para entrar no bilionário mercado de varejo farmacêutico no Brasil através da aquisição de uma farmácia em São Paulo. A notícia, que para a companhia é positiva, pode gerar um grande impacto na concorrência para as outras empresas do segmento, segundo análise de grandes bancos.

Alexandre Pletes, chefe de renda variável da Faz Capital, aponta que o setor farmacêutico tem um apelo muito grande de lojas físicas e que possui um fator impotante que é a recorrência em razão de remédios de uso contínuo, e “o Mercado Livre talvez esteja de olho nessa recorrência”.

“O que eu acho pode acontecer: da mesma forma que eles fazem a logística de entrega e devolução em pequenas lojinhas espalhadas pelas cidades, talvez eles possam fazer isso com farmácias espalhadas pelas cidades, farmácias que não são de redes. É aproveitar esses pontos de venda para fazer a sua distribuição como se fosse um aplicativo, aí seria uma grande um grande avanço nisso”, comenta Pletes.

Na visão dele, grandes redes como RD Saúde (RADL3)Paguemenos (PGMN3) e Panvel (PNVL3) podem “sentir algum efeito na sequência”, mas, por ainda não haver definição de como o Mercado Livre vai atuar no segmento, é preciso aguardar.

“O mercado livre é um player (participante) muito inteligente nessa questão de logística, que seria um ponto-chave porque essas redes de farmácia têm entregas muito rápidas. Tem cidades que entregam em meia hora, outra em duas horas, então isso é um diferencial bem grande dessas redes no segmento de farmácias, então vamos ver se eles conseguem driblar isso“, diz ele.

Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Investimentos, concorda com as empresas que podem ser afetadas. Para ela, o movimento inicial é positivo para Mercado Livre, que, se ganhar escala e força nas regiões de SP, a presença de mercado das farmacêuticas atuais irá reduzir, “em um setor que está cada vez mais competitivo e com complicações naturais do negócio (margens baixas) e preço sendo um grande fator de decisão de consumidor”.

Além disso, o setor já está sendo ameaçado com as possíveis mudanças de venda de medicamentos em supermercados. “A iniciativa ainda não foi aprovada, mas com certeza tem chances de ser aprovada no Senado, dado que isso é muito comum no exterior e possibilitaria uma acessibilidade maior à população, e entendemos que pautas mais populares tendem a ter uma prioridade nas aprovações”.

Segundo a XP, a aquisição seria o projeto piloto da empresa para que, no futuro, adquira outras drogarias em locais estratégicos para construir uma rede com capilaridade nacional.

Para as redes de farmácias estabelecidas, a chegada de um competidor com a escala e a capacidade logística do Mercado Livre representa um risco significativo, que pode, eventualmente, causar uma mudança no setor. No entanto, a XP acredita que as farmácias tradicionais ainda mantêm vantagens competitivas importantes, como a entrega ultrarrápida e a proposta de valor da loja física, que oferece atendimento personalizado e uma experiência diferenciada.

Já na avaliação do Citi, a RD Saúde pode ser uma das afetadas. Segundo os analistas Leandro Bastos, João Pedro Soares e Renan Prata escrevem que, embora o impacto inicial seja pequeno, o movimento amplifica as preocupações sobre o aumento da concorrência no setor.

Eles comentam que a obtenção de uma licença de farmácia permite que a gigante de comércio eletrônico avance para além da venda de produtos de higiene, perfumaria e cosméticos e de alguns medicamentos isentos de prescrição.

“O movimento destravaria um mercado adicional de R$ 140 bilhões a R$ 150 bilhões em medicamentos”, afirma o banco, aumentando também engajamento e tráfego em sua plataforma on-line.

Para o Citi, o impacto da concorrência do Mercado Livre será desproporcionalmente maior sobre os concorrentes menores do que sobre líderes do setor, a RD Saúde, mas não deixa de ser um ponto de atenção negativo para o setor.

Na sessão desta segunda-feira (1), as ações de farmacêuticas operavam no mesmo sentido do Ibovespa, em queda. Por volta das 15h, as ações de RD Saúde recuavam 2,05%, a R$ 17,19, enquanto PagueMenos caía 0,83%, a R$ 3,59, e Panvel cedia 3,41%, a R$ 9,90.

Fonte: https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/empresas/noticia/2025/09/01/possivel-entrada-do-mercado-livre-em-farmacias-deve-afetar-concorrentes-veja-quem-deve-sofrer.ghtml


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