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Pesquisa: 48% dos negócios fecham as portas por falta de planejamento

Início de um novo ano é momento propício para pensar na sobrevivência da empresa

Praticar atividade, mudar de emprego, fazer uma reforma. Início de ano costuma ser momento de rever os erros e necessidades dos 12 meses que se passaram e fazer planos para os próximos que estão por vir. Para os micro e pequenos empreendedores, não é diferente, principalmente no quesito finanças, já que dados como o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que cerca de 48% das empresas brasileiras fecham em até três anos por falta de planejamento e gestão financeira deficitária. Por isso, especialistas são unânimes: é preciso usar esse momento para pensar na sobrevivência do negócio.

Especialista em Gestão de Negócios e fundadora da Escola Cafeína – Cursos Práticos para Empreendedores, Anajúlia Paes não tem dúvidas de que a falta de planejamento financeiro pode levar o negócio a fechar as portas. Ela defende que esta etapa pode ser feita em qualquer período do ano, mas também acredita que esse período de início de ano é estratégico, uma vez que as pessoas já têm o hábito de usá-lo para olhar para o passado e planejar o futuro.

“Quando você muda de ano, tem empresa que atualiza preços, que pode mudar um pouco da sua conduta, que pode avaliar o que é que vai fazer de novo no ano seguinte. Tudo isso pode ser repensado também dentro de um ciclo de julho a junho também, mas início de ano é uma ótima época para fazer o planejamento estratégico, porque a gente é estimulado a pensar em mudanças e melhorias”, afirma.

Apesar disso, segundo Anajúlia, a falta de um planejamento é um problema comum entre os empreendedores, principalmente porque nem todo mundo dá à gestão financeira a devida importância. “Muitos donos de negócios acreditam que a empresa, do jeito que está, caminha bem, mas, às vezes quando ele não tem o planejamento financeiro, ele está desperdiçando dinheiro, está reduzindo lucro, usando dinheiro no lugar errado”, afirma.

A empreendedora Victória Leão, por exemplo, não perde tempo e dá início ao seu planejamento financeiro já nos primeiros dias de janeiro. Proprietária, há quatro anos, da Matricaria Bem-Estar , loja de produtos naturais feitos com plantas medicinais, Victoria precisou ir atrás de conhecimento para aprender a lidar com a gestão das finanças e organizar o seu negócio.

“Nunca tive empresa antes, na minha casa ninguém empreende, então, tive que buscar cursos, formações e consultoria para me dar mais segurança, fora a prática, que me ensinou muito. Todo começo de ano, eu faço um ‘360º’ para ver o que foi positivo, o que precisa melhorar, quais são os pontos de maior atenção. Uma análise interna e externa, para ver o que está acontecendo no mercado”, conta.

Para 2024, a organização financeira da Matricaria já tem objetivos bem definidos pela proprietária, que pretende destinar recursos para repaginar a marca, contratar uma pessoa para ajudá-la em questões administrativas, investir no tráfego e participar de mais eventos do ramo. “O planejamento é muito importante, para, além de conseguir realizar os objetivos, não chegar no fim do ano com a sensação de que trabalhou e não teve recompensa”, destaca Leão.

Na dinâmica de organização financeira da fonoaudióloga Viviane Pires, a revisão de metas e das finanças tem início já no mês de novembro. Há cerca de um ano, Viviane estruturou a Èmi – identidade e(m) oratória, empresa voltada para o aprimoramento e construção de habilidades de comunicação e performance vocal, e, desde então, seu principal desafio tem sido separar as finanças pessoais da empresa.

“Como investidora do meu próprio negócio, percebo que a minha renda e reservas são a principal fonte geradora de recursos para a Èmí, e isso gerou alguns desequilíbrios previstos até que a própria empresa comece a ser auto sustentável”, pontua.

Não só Viviane que enfrenta essa dificuldade. Segundo a especialista em gestão financeira Kamila Santos, não separar despesas pessoais e da empresa é um dos erros mais comuns cometidos por micro e pequenos empreendedores. Não definir uma remuneração fixa para os sócios, não ter o controle de estoque e fluxo de caixa e não saber calcular o preço de venda também fazem parte das principais falhas nesses negócios.

Apoio de especialista

Para organizar a previsibilidade orçamentária, metas financeiras, precificação e dados de CNPJ, Viviane conta que precisou do apoio de um contador e um consultor financeiro, apesar de gerir o processo por conta própria. Na expectativa de um lançamento importante no final de 2024, ele entende que precisará de ainda mais organização financeira e atenção aos recursos. Por isso, já iniciou pesquisas de mercado, fontes de financiamento, possíveis formas de pagamento e outras formas de planejamento para garantir um maior apoio financeiro.

“Eu entendo que faz parte da rotina empreendedora olhar pras finanças, suas e do negócio, quando é o caso de ainda se misturarem, e reajustar o leme, renunciando algumas coisas importantes ou adiando o prazo para poder gerar mais recursos”, diz.

Para a especialista em gestão financeira, o planejamento costuma ser uma das maiores dificuldades do micro e pequeno empreendedor justamente por exigir disciplina para manter as rotinas de gestão e ter uma visão clara sobre o cenário do seu negócio. Mas, sem ele, alerta Kamila, o empresário fica vulnerável a crises, pode tomar decisões equivocadas e ainda chegar ao ponto de faltar recurso financeiro para honrar os compromissos.

“O planejamento irá possibilitar ter uma visão do contexto atual e as ações necessárias para alcançar os objetivos, minimizando os riscos, e levando a empresa a tomar decisões mais assertivas, com foco realmente em alavancar o resultado do negócio, identificando novas oportunidades”, afirma.

O primeiro passo para um planejamento financeiro, segundo a especialista, deve ser sempre levantar e elencar fatores externos e internos que podem afetar o negócio e informações como receitas, despesas e o retorno da empresa. Só a partir disso, o empreendedor poderá traçar suas metas para o novo ano. E a dica de Kamila nesta etapa é se precaver.

“É preciso se preparar para cenários diferentes e se planejar para possíveis contingências. Você pode criar dois cenários alternativos: um otimista, em que sua empresa atinja todas as expectativas, e um pessimista, em que suas metas não são batidas”, orienta Kamila.

Com as metas definidas, o próximo passo é estabelecer quais as ações para conseguir alcançá-las. Mas Kamila chama atenção também para uma outra etapa do planejamento: criar rotinas de acompanhamento e avaliação desta ação, “Pois isso, vai permitir, mudará a rota se for preciso”, afirma.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

Fonte: https://atarde.com.br/economia/pesquisa-48-dos-negocios-fecham-as-portas-por-falta-de-planejamento-1253895

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