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Medicamentos: escassez de matéria-prima e estoques familiares esvaziam farmácias

Há pelo menos dois meses, o Brasil enfrenta uma escassez de medicamentos nas farmácias e unidades públicas de saúde. Faltam antibióticos, dipirona, anti-histamínicos, analgésicos, soro de reidratação, antimicrobianos e diuréticos. O empresário do ramo farmacêutico Fernando Xavier, em entrevista à Rádio JM, nesta quarta-feira (20), explicou que a ausência de medicamentos nas prateleiras é resultado da falta de matéria-prima, hoje importada de diversos países, além de um estoque excessivo de remédios nas residências.

‘Eu não me lembro de outro momento com tanta falta de produtos quanto agora. Principalmente pediátricos, como antibióticos, xaropes. Tenho o conhecimento que é reflexo da guerra. Porque nossa matéria prima é importada, não acredito em ninguém retendo produto. O problema é que a matéria-prima, que é importada, ainda não foi regularizada’, explica Fernando.

Outro ponto apresentado pelo empresário, que é presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), é o excesso de procura por medicamentos na pandemia. A alta demanda resultou em um estoque extraordinariamente alto de remédios nas casas. ‘Durante a pandemia, houve a extrapolação do uso de medicamentos. Acredito que até hoje as famílias estão com estoques. Isso esvaziou a produção, que ainda não conseguiu repor para atender o mercado. Pode ser um ponto sobre o que esvaziou os estoques’, avalia.

Levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) mostra que pelo menos 18 estados tiveram os processos licitatórios de mais de 30 medicamentos sem conclusão, no último ano, devido a dificuldades em relação aos preços dos medicamentos.

De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), o desabastecimento de medicamentos essenciais é causado por diversos fatores: descontinuidade da produção de alguns fármacos pela indústria para priorizar medicamentos com maior demanda gerada pela pandemia de Covid-19; disseminação de epidemias, notadamente de síndromes respiratórias e doenças virais; falta de matéria-prima, em decorrência da guerra na Ucrânia e do lockdown na China, que impacta tanto a fabricação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), quanto a chegada ao país dos estoques já adquiridos, parados na origem pelo fechamento dos portos chineses; e a necessidade de substituir os medicamentos em falta, o que gera um efeito cascata, dificultando o acesso aos fármacos que substituem aqueles com o abastecimento mais crítico.

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