Faturamento da indústria farmacêutica cresce 62% em cinco anos
O faturamento da indústria farmacêutica acumula avanço de 62% nos últimos cinco anos, saltando de R$ 90,5 bilhões em vendas para a marca inédita de R$ 146,7 bilhões. Os dados fazem parte de uma análise da Interfarma.
O aumento mais significativo ocorreu no chamado mercado institucional, formado por governos, clínicas e hospitais, que cresceu 74,1% no período especialmente com impulso dos medicamentos antineoplásicos e imunossupressores. Já no varejo farmacêutico, em que 75% das compras são realizadas pelo público final, a evolução foi de 55,1%.
Mas na visão da entidade, os números ainda revelam gargalos no acesso, tanto que o Brasil aparece no 32º lugar entre os países com maiores gastos com medicamentos mesmo sendo o oitavo mercado farmacêutico do mundo. “Muitas doenças poderiam ser evitadas ou mais bem controladas. Mas para que isso aconteça, é essencial repensar em estratégias de políticas públicas que incluam programas específicos de combate a doenças mais prevalentes e redução da carga tributária, que hoje está entre as mais altas do mundo”, defende Eduardo Calderari, presidente executivo da Interfarma.
Faturamento da indústria farmacêutica por canais
A comercialização dos medicamentos via planos de saúde teve alta de 114,2% nos últimos cinco anos, chegando a R$ 27,6 bilhões. Mesmo assim, o segmento privado do mercado institucional apresenta grande defasagem frente a outros países com sistemas de saúde semelhantes.
Para a entidade, o acesso a remédios por meio da saúde suplementar também pode ser aprimorado, o que passa pela ampliação da cobertura mínima obrigatória estipulada pela ANS, com a inclusão de mais opções terapêuticas.
“Desde outubro de 2021, a atualização dos procedimentos mínimos que todo plano de saúde deve oferecer deixou de ocorrer a cada dois anos e passou a ser realizada semestralmente. Isso representa uma mudança positiva para os pacientes que detêm planos de saúde, pois medicamentos inovadores poderão ser incorporados com mais rapidez”, avalia.
Já as compras públicas de medicamentos registraram crescimento de 52,3% no mesmo período, índice bem abaixo ao segmento privado, embora 75% da população brasileira dependa totalmente do SUS para ter acesso a tratamentos.
Incorporações de medicamentos na Conitec
Há uma grande variação na taxa de incorporação de tecnologias pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) demandadas pela indústria farmacêutica ou pelo setor público ao longo dos últimos cinco anos.
Em média, a taxa de incorporação de tecnologias demandadas pelo setor público é maior do que aquelas solicitadas pelos laboratórios – 57% versus 44%, respectivamente. As sociedades médicas e de pacientes apresentam números bem menores de pedidos. Entretanto a taxa média de aprovação nos últimos cinco anos é de 70%.