Engov, xantinon e epocler: os medicamentos utilizados pelos brasileiros para a ressaca
Embora amplamente consumidos antes e depois da bebida, remédios não têm indicação na bula para a finalidade
Com o início das vendas da primeira pílula antirresaca no Reino Unido, muitos brasileiros questionaram se já não há medicamentos no Brasil para essa finalidade. Isso porque remédios como engov, xantinon e epocler são amplamente utilizados no país, tanto para prevenir os sintomas, como para tratá-los no dia seguinte. No entanto, de forma diferente do novo suplemento lançado pela empresa De Faire Medical no país europeu – que constatou uma redução no nível de álcool no sangue – esses remédios não têm indicação oficial na bula para tratamento da ressaca.
Ainda assim, por alguns atuarem no fígado, local onde ocorre a metabolização do álcool, e outros promoverem uma sensação de bem-estar com substâncias como analgésicos, eles ficaram conhecidos como aliados para evitar os incômodos decorrentes das bebidas alcoólicas. Porém, por se tratarem de medicamentos, devem ser utilizados apenas mediante indicação de um especialista, uma vez que o uso inadequado ou em excesso traz riscos para a saúde. Entenda como cada um deles age no organismo.
Engov
O engov é o remédio mais famoso utilizado para evitar a ressaca pelos brasileiros. É composto de ácido acetilsalicílico, que é um anti-inflamatório; hidróxido de alumínio, substância que age contra azia, e maleato de mepiramina, um antialérgico. Há ainda uma dose de cafeína, para estimular suavemente o Sistema Nervoso Cerebral (SNC) e potencializar o efeito analgésico.
Ele é indicado, de acordo com a bula, para o alívio de cefaleias – dores de cabeça – e alergias. Embora o incômodo na cabeça possa ser uma característica da ressaca, seu uso é contraindicado junto a bebidas alcoólicas e não há evidências de que, ingerido anteriormente, seria capaz de reduzir os efeitos do álcool no organismo.
Há ainda a versão chamada de engov after, mas que não se trata de um medicamento, e sim de uma bebida com glicose, sais minerais e cafeína. Ela é comercializada com indicação para consumo após ingestão de grandes quantidades de álcool. Isso porque uma das consequências negativas da ressaca é pela desidratação, uma vez que o álcool leva a menor absorção de água pelo organismo. Com isso, as substâncias no engov after ajudam a reidratar o corpo e promover uma sensação de bem-estar.
Xantinon
A nova pílula vendida no Reino Unido é a primeira a atuar por meio da quebra do álcool antes que ele chegue ao fígado, pois é lá que as moléculas de etanol são metabolizadas. Durante esse processo, que o comprimido busca reduzir, são liberados acetaldeído e ácido acético, substâncias consideradas responsáveis pelos efeitos negativos no dia seguinte.
Nesse contexto, como o xantinon é um remédio destinado a tratar disfunções no fígado, muitas pessoas acreditam que ele pode evitar a produção das substâncias nocivas. Isso se deve ao fato de ele ser composto por nutrientes que auxiliam no metabolismo de gorduras no órgão, permitindo um melhor funcionamento. No entanto, não há indicação na bula relacionada à metabolização do álcool.
Epocler
A mesma lógica é aplicada em relação ao uso do epocler. Ele é composto por três aminoácidos, a racemetionina, a colina e a betaína, que agem, de acordo com a bula, evitando o acúmulo de gordura no fígado e auxiliando na remoção de restos metabólicos. Porém, assim como os demais, não há indicação oficial para ajudar nos sintomas da ressaca.
Acetilcisteína
A acetilcisteína também faz parte dessa lista, embora seu principal objetivo seja tratamento de casos de congestão e obstrução nasal causados por quadros como de bronquite ou pneumonia. Porém, o remédio também é indicado para casos de intoxicação pelo analgésico paracetamol, por conseguir reduzir a sua metabolização no fígado. No entanto, essa não é a principal atuação do medicamento, além de não constar potencial como efeito protetor para o álcool na bula.