
Beleza sólida: amigos faturam R$ 30 milhões com cosméticos em barra — que não levam água
Victor Lichtenberg e Andreia Ulson fundaram a B.O.B em 2018, que vende produtos tanto no Brasil quanto no exterior
Com os consumidores cada vez mais conscientes e atentos a conceitos como sustentabilidade e redução de resíduos, a indústria de cosméticos passou a ser pressionada a rever seus processos. Questões como o uso de água, a dependência de embalagens plásticas e o volume de lixo gerado colocaram em evidência a necessidade de novos modelos de produção e consumo.
Foi nesse cenário que surgiu a B.O.B, fundada em 2018 pelos amigos Victor Lichtenberg e Andreia Ulson. A empresa, que aposta em cosméticos sólidos, sem o uso de água e sem plástico, conseguiu reduzir, segundo Lichtenberg, cerca de 70% a pegada de carbono ao longo de sua cadeia produtiva. “Água encanada já temos em casa. O futuro é certamente waterless [sem água]”, afirma.
De acordo com ele, a retirada da água das formulações impacta toda a estrutura do produto: “elimina a necessidade de embalagens plásticas, dispensa conservantes sintéticos e reduz custos ambientais no transporte e fabricação”. Assim, o modelo conecta a economia circular e o clean beauty, duas frentes em ascensão.
Apesar do termo ter se popularizado e ser utilizado por muitas marcas — que nem sempre atendem aos parâmetros que remetem ao conceito — no caso da B.O.B ”beleza limpa” significa de fato excluir ingredientes em listas internacionais de restrição, limitar sintéticos a no máximo 5% por fórmula e não utilizar insumos de origem animal ou testados em animais.
Com fábrica localizada em São Roque, no interior de São Paulo, a B.O.B registrou faturamento consolidado de aproximadamente R$ 30 milhões em 2024. A produção abastece tanto o mercado interno quanto a operação internacional e, segundo o fundador da marca, em volume as exportações representam 15% da produção, mas chegam a responder por quase 25% da receita devido ao preço médio mais alto em dólar.